Aprende mais quem ensina
Por Juliana Mussi
O autor do ditado “Aprende mais quem ensina” estava coberto de razão. Nestes quase dois anos no papel de professora no curso de Arquitetura e Urbanismo aprendi e reaprendi muita coisa, conceitos que estavam adormecidos no inconsciente e que despertaram com a docência.
Um desses conceitos importantes que estava“cochilando” e eu usava de forma automática sem muita reflexão é referente ao processo de projeto. Ensinando os alunos a projetar me deparei analisando a minha própria forma de projetar e uma coisa que me deixou profundamente incomodada é o uso excessivo da tecnologia no momento da concepção do projeto.
Hoje em dia percebo que os jovens arquitetos deixam de lado a prancheta e os croquis a mão livre a acabam por criar os primeiros esboços em programas como SketchUp. Não quero ser retrógrada e sair por ai demonizando os programas de computação, mesmo porque é fantástico poder apresentar ao cliente um projeto que parece uma foto de tão real.
O que questiono é onde está, neste processo de projeto, o diálogo entre mente, lápis e papel? Pois, por mais simples que um programa possa ser, a mão é indiscutivelmente mais rápida para rascunhar um esboço de uma ideia. Em um croqui não se perde tempo apagando e o processo criativo flui.
Projetar com o uso da tecnologia é excelente e cada vez mais comum, facilita alterações, melhora a visualização do todo. No entanto acredito que o processo de projeto tem que interligar tecnologia e criatividade e esta última tem um poderoso potencializador nos croquis a mão livre.
Pessoalmente, o maior prazer do projetar é este diálogo que só o grafite e uma boa dose de concentração pode nos dar. Portanto queridos, ressuscitem a prancheta e experimentem desenhar e pensar sem ser diante de um monitor.
Juliana Mussi
Arquiteta e Urbanista pela Universidade Estadual de Londrina-UEL, mestre em Metodologia de Projeto pela UEL-UEM. Docente da Faculdade Pitágoras desde 2014.